segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eu qui fiz ! ! !

É assim: primeiro, pede-se à sogra uma panela de barro para fazer uma caldeirada de polvo só porque deu na veneta comer polvo no domingo. A receita quem deu foi o Pedro Veludo, há muitos anos, quando o Pedrinho, juiz de futebol, ainda usava fraldas. Vivo repetindo a receita mas nunca fica igual. Devem ser os polvos. Pronta a caldeirada, por mais que fique diferente da anterior é sempre uma delícia, põe-se a panela de barro para descansar sobre descansadores de aço no precioso balcão de angelim previamente envernizado com verniz acetinado. Depois do almoço, na hora de lavar os pratos, descobre-se que ficou uma mancha preta do tamanho do fundo da panela sobre o balcão, que quem nunca havia cozinhado com panela de barro não ia imaginar que ela retem o calor por muito mais tempo e, por isso, não deve repousar sobre balcões de madeira, ainda que envernizados com verniz acetinado, fosco ou brilhante, que o estrago vai ser o mesmo. No dia seguinte, lixa-se a mancha preta até que desapareça completamente. Dias depois, enverniza-se novamente o balcão. Certifique-se de que o telefone sem fio está a distância segura e só depois abra a lata de verniz. Telefones sem fio costumam ser muito sensíveis. Se resolvemos retirá-los de cima do balcão com a lata de verniz aberta, deve-se ter muito cuidado porque num piscar de olhos eles inesperadamente saltam do suporte, pulam no balcão e mergulham, certeiros, na lata de verniz. Ficam até bonitinhos envernizados. Mas o que ganham em beleza perdem em eficiência e funcionalidade.

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